Nos últimos dez anos, o nível dos filmes que exploram marcas infantis (como Um Filme Minecraft) subiu de forma inesperada. Tanto “O filme LEGO” quanto “Barbie” usaram talentos criativos na direção e roteiro para levar a autos-suficiência e o humor meta-linguístico a novos patamares, entregando ótimas piadas e músicas enquanto transmitiam algo significativo. Como seguir isso? Para “Um Filme Minecraft“, como sugere seu título que evita o uso de artigo definido, a resposta é: nem se dê ao trabalho de tentar.

Isso não significa que o filme seja sem energia. Ele é barulhento em todos os sentidos, desde o horrível rosa choque da jaqueta de couro com franjas de Jason Momoa até a entrega exagerada e pantomímica de cada fala de Jack Black. Seu tempo de execução rápido está repleto de ação chamativa e quadrada, com cenas absurdas como uma perseguição aérea ao som de B-52’s, envolvendo balões de polvo que soltam bolas de fogo, e uma luta de wrestling em que Momoa enfrenta um zumbi bebê montado em uma galinha.
O diretor Jared Hess traz um pouco de sua vibe de nerd preguiçoso de “Napoleon Dynamite” para as cenas do mundo real, que se passam na cidade hiper excêntrica de Chuglass. Enquanto isso, a recriação cinematográfica do bioma do videogame, naturalmente quadrado e graficamente limitado, é feita da melhor forma possível, embora seria exagero chamar qualquer coisa nas aventuras de Momoa e companhia de “bonita”. O filme pode ser melhor descrito como o equivalente visual de ser atingido por balas de caramelo fervidas. Balas de caramelo quadradas.

Em termos de história e personagens — você sabe, o que realmente importa — Um Filme Minecraft simplesmente não se importa. Seu MacGuffin central é descrito em um prólogo interminável como “uma coisa legal”, enquanto não há esforço algum para contextualizar seu mundo da maneira que, por exemplo, os mundos de LEGO e Barbie foram apresentados de forma inventiva em relação ao nosso. Ele simplesmente existe e, tipo, tanto faz, cara. Além de um número final esquecível e terrivelmente dublado, suas músicas são jingles mal elaborados. E seus protagonistas não passam de arquétipos cansados: o cara desajeitado e burro (Momoa, em sua missão contínua de desastre da moda), o garoto nerd, mas criativo (Sebastian Hansen), o irmão mais velho responsável que vira a garota durona (Emma Myers), a companheira ousada (Danielle Brooks), e Jack Black (bem, Jack Black).
Há pelo menos alguma evidência de apreço pelos fãs, como a participação de um porquinho usando coroa (em tributo ao YouTuber Technoblade, que morreu de câncer aos 23 anos). Mas nem isso, nem o fato de sua falta de empenho ser apresentada como uma escolha cômica — como quando peças infantis malfeitas piscam para seu público cheio de pais — conseguem livrá-lo da crítica. Ironicamente, este blockbuster é mais fracasso do que sucesso.
Um filme hiperativo e bagunçado, todo em rosa choque, que falha em elevar seu material de origem cúbico e se orgulha dessa falha como se estivesse conquistando algo.
Critica original no canal Empire Online!